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A partir das primeiras expedições de policiamento da costa brasileira e das escaramuças com os franceses, o rei de Portugal convenceu-se logo de que somente através do estabelecimento de núcleos permanentes de povoamento, colonização e defesa, poderia manter efetivamente a posse da terra. Além dessa preocupação em garantir a soberania sobre a terra contra pretensões estrangeiras, a Coroa portuguesa alimentava também a esperança de que fossem encontradas aqui riquezas minerais em proporções semelhantes às localizadas nas possessões espanholas. Por outro lado, por volta do quarto decênio do século XVI, os lucros extraídos no comércio com o Oriente já começavam a decrescer. Seria muito auspicioso que o Brasil pudesse substituir a índia como fonte de riquezas para Portugal e sua burguesia mercantil. Contribui positivamente para isso o fato de que o Brasil situava-se a meio entre Portugal e a Índia, o que diminuiria sobremaneira o custo do transporte das mercadorias. Entretanto, as numerosas diferenças que distinguiam as condições do Brasil das do Oriente - exigiria o desenvolvimento de um tipo diferente de exploração no caso brasileiro. O que Portugal procurava no Oriente era garantir seus privilégios e monopólios no comércio, que lhe asseguravam grandes lucros e vantagens em relação aos demais países europeus. No Brasil, não havia como comerciar as comunidades indígenas só consumiam o que produziam e só produziam o que era necessário para seu próprio consumo; nada produziam que pudesse ser objeto de troca ou consumido pelos europeus. Embora a colonização não estivesse nos planos da burguesia mercantil, que dera grande impulso às navegações, o rei de Portugal estava muito interessado em assegurar o domínio efetivo de suas terras brasileiras. E a única possibilidade de atingir esse objetivo seria a colonização, apesar das dificuldades a enfrentar. Para dar início a essa empresa colonizadora, é que foi organizada a expedição comandada por Martim Afonso de Souza, de 1530.
→ Seus principais objetivos foram:
- percorrer todo o litoral brasileiro e , quando julgasse necessário, explorar o interior, em busca de ouro e prata;
- expulsar os franceses que fossem encontrados;
- organizar núcleos de povoamento e defesa;
- aumentar o domínio português até o Rio da Prata, abrangendo, portanto, terras que não pertenciam a
→ Portugal pelo Tratado de Tordesilhas.
Na volta do Rio da Prata, em 1532, Martim Afonso de Souza fundou São Vicente, no litoral do atual Estado de São Paulo, que foi a primeira vila do Brasil. Diante de que estudamos até aqui, percebe-se que a decisão de colonizar o Brasil não fora tão difícil quanto seria a de escolher a forma de exploração e o produto mais adequado à sua execução. Este deveria preencher algumas condições básicas:
- adaptar-se às condições ecológicas das terras brasileira;
- ter aceitação no mercado consumidor europeu;
- ser de fácil produção e comercialização;
Além disso, o produto escolhido deveria facilitar a arregimentação da mão-de-obra, a consecução dos investimentos iniciais e o transporte. Sem dúvida, a experiência que Portugal adquiriu como produtor de açúcar em suas ilhas do Atlântico (Madeira e Cabo Verde) contribuiu enormemente na relação do produto a ser cultivado no Brasil e na forma de produção:
- as condições ecológicas do Brasil e das ilhas de Cabo Verde e da Madeira eram bem semelhantes;
- o Açúcar era uma das especiarias mais apreciadas no mercado europeu, sendo muito bem pago;
- a experiência portuguesa, nas ilhas do Atlântico, de produção e comercialização do açúcar, poderia ser aproveitado no Brasil;
- pelo seu valor no mercado, o açúcar poderia atrair investimentos;
- O problema de transporte poderia ser resolvido pela colaboração dos navios holandeses;
- para o problema da mão-de-obra, a solução também não seria difícil; havia os índios, que poderiam ser obrigados a trabalhar na lavoura canavieira e, caso estes não se adaptassem restava o recurso aos africanos, muitos deles já escravizados pelos portugueses.