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✮ O Mundo Colonial Já Não Era o Mesmo ➤[Reyesvalenciennes Nª 396]

 


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 As condições internas das colônias ibéricas na segunda metade do século XVIII estimularam o aprofundamento da crise do Sistema Colonial. E mesmo considerando as especialidades de cada luta separatista , de cada processo de ruptura colonial , é possível - e necessário - pontuar o que foi comum nas suas origens. Nesse sentido , vamos buscar compreender as transformações que se operaram ao longo da existência colonial , desvendar a dinâmica do Mundo Colonial. O pacto colonial era um pacto entre desiguais . Logo favorecia uma das partes: a metrópole. Através dele as Coroas Ibéricas impunham as regras do jogo , segundo o receituário mercantilista . As elites coloniais , responsáveis pela implantação mercantilista . As elites coloniais , responsáveis pela implantação da colonização , aceitavam as regras , aceitavam o pacto , porque era ele o mecanismo possível para se viabilizar a exploração e ocupação econômica das terras americanas. Sendo assim , o Sistema Colonial e seu filho dileto , o pacto colonial , contemplavam os interesses de toda a "quadrilha": a Coroa e a nobres agregada , os mercadores metropolitanos e associados e ainda as elites coloniais. Ao final das contas , todos somavam os lucros auferidos com a usurpação das terras e das suas riquezas, com a exploração do trabalho dos nativos e dos negros , com o tráfico negreiro etc. Entretanto , para viabilizar a exploração colonial foi necessário criar uma estrutura interna , fazer altos investimentos. Assim , quanto mais se aprofundava a dominação, mais as colônias se desenvolviam , diversificando as atividades econômicas e a estrutura social . O Mundo Colonial , aos poucos , se projetava. E as metrópoles não tinham como controlar inteiramente ou impedir esse crescimento. Com o tempo , o surgimento de um mercado interno e de setores sociais intermediários deram um novo perfil às colônias. A possibilidade de uma existência autônoma , livre das garras metropolitanas , foi se configurando. Já no século XVIII , as elites coloniais , cada vez mais sufocadas com o exclusivismo comercial e com a pesada carga tributária, começaram a reagir ao pacto colonial. Tudo indicava que a parceira com metrópole não se fazia mais necessária e que o produto da rapina colonial poderia ficar inteiramente nos cofres das elites locais. Estímulos externos também apontavam nessa direção. A independência dos Estados Unidos foi como que um atestado da viabilidade da emancipação colonial:  os princípios gerais do pensamento ilustrado burguês funcionavam como um indulto aos sonhos separatistas das elites locais; a Revolução Industrial e a consequente ambição da Inglaterra por novos mercados , provocaram um alvoroço entre os setores de elite que queriam liberdade comercial. Um clima de conspiração e revolta se espalhava como fogo em capim seco , acelerando os passos das elites coloniais rumo aos primeiros confrontos de caráter separatista. Mas talvez você esteja se perguntando: e o povo? Cadê o povo nessa história toda? Ele não se opunha ao Sistema Colonial? Na verdade , a massa trabalhadora, formada por nativos , negros escravos e alforriados , mestiços livres , era brutalmente explorada pela própria colonial. Marginalizada , empunhava bandeiras de luta que ultrapassavam os limites da exploração metropolitana para alcançar a dominação de classes imposta pela elite colonial. Além da separação , as massas populares buscavam o fim da escravidão , da servidão , do racismo, da miséria , da ignorância. E se o povo efetivamente participou  e até mesmo liderou lutas revolucionárias (independência do Haiti, revolta dos Alfaiates , revolta do Tupac Amaru) não teve a possibilidade histórica de ampliar e manter a hegemonia dos movimentos . A hegemonia das lutas de libertação esteve , efetivamente , nas mãos da elite colonial. 



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