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✮ A República das Oligarquias ➤[Reyesvalenciennes Nª 274]

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✮ A República das Oligarquias ➤[Reyesvalenciennes Nª 274]

[Texto do dia]⟶       Descartadas todas as iniciativas modernizadoras do período deodorista , restou ao Brasil ingressar no século XX com a mesma cara do século XIX . Apesar da maquiagem retocada pelo fim da escravidão e proclamação da República , a verdade é que a estrutura econômica continuou assentada nos grandes latifúndios agrários-exportadores e na dependência externa. Portanto , a "vocação agrícola" do Brasil , como preconizava o imperialismo inglês , persistiu e assegurou o continuísmo que impedia o país de se modernizar. O quadro social continuou profundamente injusto. Os trabalhadores rurais , vivendo em latifúndio muitas vezes improdutivos , continuaram marginalizados , super explorados e sem acesso aos meios de produção , sem acesso à terra. Os trabalhadores urbanos , embora já expressivos numericamente , estavam inseridos numa estrutura de produção que em nada contribuía para sua capacidade de organização. Disputavam os frutos podres do pomar. As camadas médias urbanas , de onde surgiram os projetos frustrados de modernização , prostraram-se diante do poder econômico das oligarquias e passaram a servi-las satisfeitas com os melhores frutos do pomar. As oligarquias vão mais uma vez  ocupar "a sede do imenso latifúndio", ocupar do poder. Assim , nas primeiras eleições diretas republicanas , realizadas para definir o sucessor de Floriano Peixoto , venceu um legítimo representante das oligarquias , o ex-candidato a presidente e cafeicultor , Prudente de Morais. Primeiro presidente civil eleito da história do Brasil , Prudente inaugurou um período em que hegemonia política dos latifundiários , particularmente do café , foi intocável. Todos os presidentes eleitos a partir de então , até a Revolução de 1930 , foram sempre representantes das elites agrárias. O governo de Prudente de Morais (1894-1898) , buscando assegurar a continuidade da estrutura agrário-exportadora, promulgou um decreto cancelando o protecionismo alfandegário de Rui de Barbosa e reiniciou o fluxo de empréstimos junto a casas bancárias inglesas , elevando em 7,5 milhões de libras a dívida de 30 milhões do Império.  Bom para as oligarquias , melhor para a Inglaterra. Mas nem tudo cheirava a café. Alguma coisa "fedia no reino da Dinamarca". A miséria e a fome em que viviam os trabalhadores rurais acabaram por produzir movimentos sociais extremamente significativos. No Nordeste , onde as contradições sociais eram agrupadas pelo maior atraso econômico , cenário mais explícito da miséria capitalista, milhares de famílias de trabalhadores , expulsas dos latifúndios, viviam vagando  a esmo , acompanhadas apenas pela fome. Camponeses e até jagunços , sertanejos , se lançaram em empreiteiras coletivas que buscava pôr fim , mesmo que momentâneo , a miséria. Conscientes ou não , combatem a estrutura latifundia através da formação dos primeiros grupos de cangaceiros. Outros tantos , amargando uma descrença absoluta nas soluções políticas , e entregam a líderes messiânicos , se entregam à fé. Entre esses últimos , o movimento que mais se projetou , pelo seu vigor e resistência , foi Canudos.

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