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✮ Jean Jacques Rousseau ➤[ Reyesvalenciennes Nª 297]

Reyesvalenciennes
 ✮ Jean Jacques Rousseau ➤[ Reyesvalenciennes Nª  297]

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       Opondo-se à visão hobbesiana , de que o ser humano é mau por natureza , o filósofo genebrino Jean - Jacques Rousseau defendia a tese oposta , de que o homem é naturalmente bom , mas a civilização levaria à degeneração de seu caráter. "Não vamos principalmente concluir com Hobbes que , por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau", argumenta Rousseau. Opondo-se também a Locke , Rousseau não aceitava que a propriedade fosse comprometida como algo natural. Segundo Rousseau:

O primo que , tendo cercado um terreno, se lembrou de dizer: "Isto é meu , e encontrou pessoas bastante simples para acreditarem nisso , foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes , guerras , assassínios , misérias e horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que , arrancando as estacas ou tapando os buracos , tivesse gritado aos seus semelhantes: "Livrai-vos de escutar esse impostor, estareis se esquercerdes que os frutos são de todos , e a terra de ninguém!"
- Rousseau , Jean Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Disponível em : <http://www.dominiopublico.gov.br/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2284>. Acesso em: 2 jun. 2016.

Para Rousseau o ser humano encontra-se livre por natureza , livre para seguir o que seus impulsos. Lhe determinam . Porém, nesse estado o indivíduo enfrenta obstáculos que ameaçam sua sobrevivência, e o único modo de superá-los , é se unindo a outros indivíduos , estabelecendo um pacto social. Nesse sentido , o pensamento político de Rousseau lembra o de Hobbes e o de Locke , para os quais a origem do Estado se fundamenta em um contrato que marca a passagem de um estado de natureza para o de uma sociedade civil. No entanto , diferentemente desses autores , o indivíduo em Rousseau não reinicia à sua liberdade em favor de um soberano ou de uma assembléia, mas em favor de algo abstrato, que ele denomina vontade geral. Rousseau pretende encontrar:

"[...] uma forma de associação que defenda e proteja de toda a força comum a pessoa e os bens de cada associado , e pela qual cada um, unindo-se a todos , só obedeça , contudo , a sim mesmo e permaneça tão livre quanto antes. Este é o problema fundamental cuja solução é fornecida pelo contrato social [...].
-Rousseau , Jean-Jacques. Do Contrato Social . Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2010. p. 57 (Coleção Educadores). Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me4675.pdf>. Acesso em: 2 jun. 2016. 

Pelo fato de que cada cidadão é parte de uma sociedade definida pela vontade geral , o que ela decide e executa é o que cada cidadão , está decidindo e executando. Assim, ao obedecer ao Estado , o indivíduo está na verdade obedecendo a si mesmo, o que não é outra coisa, senão o exercício da liberdade. De acordo com Rousseau:
"As cláusulas deste contrato são de tal modo determinadas pela natureza do ato , que a menor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito; de sorte que , conquanto jamais tenha sido formalmente enunciadas, são as mesmas em todas as partes , em todas as partes tacitamente admitidas e reconhecidas, até que , violado o pacto social , reentra cada qual em seus primeiros direitos e retoma a liberdade natural , perdendo a liberdade convencional pela qual ele aqui renunciou. Todas essas cláusulas , bem entendido , se reduzem a uma única , a saber , alienação total de cada associado , com todos os seus direitos , em favor de toda a comunidade; porque , primeiramente , cada qual se entregando por completo e sendo condição igual para todos , a ninguém interessa torná-la onerosa para os outros. Além disso , feita a alienação sem reserva , a união é tão perfeita quanto o poder ser, e nenhum associado tem mais nada a reclamar; porque , se aos particulares restassem alguns direitos , como não haveria nenhum superior comum que pudesse decidir entre eles e o público , cada qual , tornado nalgum ponto o seu próprio juiz , pretenderia em breve sê-lo em tudo ; o estado natural subsistiria , e a associação se tornaria necessariamente tirânica ou inútil. Enfim , cada qual , dando-se a todos , não se dá ninguém , e , como existe um associado sobre quem não se adquira o mesmo direito que lhe foi cedido, ganha-se o equivalente de tudo o que se perde e maior força para conservar o que se tem."
- Rousseau, Jean Jacques. Do contrato social. Porto Alegre: Editora L&PM, 2009. p. 24. 

 A vontade geral de que fala Rousseau não deve ser confundida com a vontade da maioria. A vontade de uma sociedade é geral quando todos os seus membros desejam o bem comum. Na visão de Rousseau , mesmo quando uma minoria tem de se submeter a uma determinação da maioria , não há violação da liberdade pessoal , pois todos , mesmo os membros dessa minoria , buscam acima de tudo o bem comum. 

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