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✮ Servidão | Filosofia ➤ [Reyesvalenciennes Nª 260]

Reyesvalenciennes
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[Texto do Dia]→       Entre os anos de 1552 e 1553 , Étienne de La Boétie (1530-1563) escreveu , quando ainda era um jovem estudante de direito , o "Discurso da Servidão Voluntária" , uma obra de Filosofia Política bastante influente. Não escapa a ninguém o paradoxo que o título encerra , pois como é possível que alguém deseje servir? Trata-se , portanto , de uma aberração política. Na visão do filósofo francês , para ser livre basta desejar; a única explicação possível para a servidão voluntária seria o costume. Os homens nascem em um determinado estado de coisas e passam a perpetuá-lo, sem questionamentos , logo se acostumando a tal condição como se ela fosse a única possível . La Boétie mostra toda a sua indignação , sente-se escandalizado . Aponta , ainda , uma segunda causa que ajuda a entender como é possível o sujeito instituir-se a partir de sua própria supressão: o desejo de servir é também o desejo de oprimir. Há uma identificação do servo com o tirano , pois o primeiro também tiraniza de acordo com a posição que ocupa na hierarquia. Haveria uma solução para algo tão abominável ? Sim , a amizade . A amizade que implica uma recusa do servir. A amizade como fato político , pois ela só é possível entre iguais , logo ninguém pode estar acima de ninguém . Se a liberdade implica não ser servo de ninguém , a liberdade é a amizade. O escritor francês Montaigne (1553-1592) tinha por Boétie tanta consideração que no capítulo 28 do livro I de seu famoso "Ensaios , dedicado à temática da amizade , menciona a sua relação fraterna e virtuosa com La Boétie.

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