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| ✮ Caudilhos E Coronéis ➤ [Reyesvalenciennes Nª 261] |
[Texto do Dia]→ No meio rural , a dominação foi exercida durante séculos pela força bruta e pelo "respeito" que os trabalhadores tinham para com o patrão. O proprietário das terras chegava a pensar que "seus" trabalhadores eram até mesmo parte de suas posses. A situação de obediência cega era , portanto , comum . Por isso , nas décadas de 1920 a 1940 , a política era dominada por grandes fazendeiros que eram também os líderes políticos de uma região. Nos países de língua espanhola , esse líder era conhecido como caudilho , palavra que em espanhol significa "chefe". No Brasil , em especial no Nordeste, era conhecido como coronel. Esse chefe político era a "autoridade" econômica e política máxima em uma grande área rural e nas pequenas cidades vizinhas. Nessa região , ele mandava e desmandava. Assim , em época de eleição , era ele que determina em quem seus empregados e os de seus amigos fazendeiros deveriam votar. Daí a expressão "voto de cabresto". Já nas grandes cidades a situação é bem diferente. O patrão não detém mais um controle direto sobre as idéias e os votos dos empregados. Surge , então , um novo tipo de liderança política, diferente daquela do coronel ou caudilho do meio rural. Essas lideranças são exercidas por políticos , profissionais com bases eleitorais nas cidades. Eles procuram ganhar o voto das pessoas com promessas que , em sua maioria , jamais irão cumprir. Geralmente , procuram dar a impressão de que empregarão o dinheiro público em benefício do povo e não para favorecer seus amigos e parentes , que não irão admitir funcionários públicos ociosos , que acabarão com as mordomias e os "marajás". Pode-se dizer então que na América Latina nunca houve , de fato , regimes democráticos . O que surge com frequência é o populismo disfarçado em democracia. Mas existem importantes diferenças entre esses dois regimes políticos. O populismo não é uma forma de democracia, pois as decisões importantes não são tomadas "de baixo para cima" . Trata-se de uma forma sutil de autoritarismo , em que o exercício do poder é efetuado "de cima para baixo" , e as classes populares são manipuladas pela propaganda e pela demagogia.