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✮ A Vida Como Um Problema Filosófico ► [Reyesvalenciennes Nª 168]

Reyesvalenciennes


[Texto do dia]→   Em 1882, o escritor russo Liev Tolstói escreveu um livro intitulado Confissão . Nessa obra , há um trecho em que ele conta a história de um jovem que, fugindo de uma feraz entra em um poço para se esconder. Quando está lá dentro, porém , ele olha para o fundo e vê um dragão de boca aberta, esperando para devorá-lo. Como não poderia sair do poço por causa da fera lá fora , o jovem se agarra em um galho que crescia na parede do poço , para não cair nos dentes do dragão. Ao mesmo tempo , ele tem consciência de que haveria um momento em que suas mãos se cansariam, e ele inevitavelmente  mergulharia no poço rumo à morte certa. Enquanto isso, o jovem vê dois camundongos, um branco e outro negro, roendo o galho no qual se segura . Então, ele olha em volta e vê algumas gotas de mel escorrendo das folhas do galho e estica a língua para lambê-las. Por meio dessa história , Tolstói representa a vida humana, à qual nós agarramos , mas um dia já não será mais possível segurá-la , e então virá a morte. Os camundongos significam a ação do tempo , o passar dos dia e das noites , que aproxima o ser humano cada vez mais de seu momento final neste mundo. Finalmente , a doçura do mel nas folhas são as coisas boas que encontramos na vida e que parecem lhe dar sentido , como a família o sucesso ou o bem-estar material. Para Tolstói , as gotas de mel nas folhas eram sua família e a escrita de seus livros, nas quais sempre havia encontrado prazer. Porém, as vezes ele se sentia tomado por um sentimento de angústia diante da possibilidade da morte. Mesmo que visse em seus filhos uma continuação de parte de sua existência , mais cedo ou mais tarde eles também encontrariam a morte . Quanto às suas obras, Tolstói as via como uma exaltação à vida. Mas, nos momentos em que a vida aparentava perder todo o sentido, suas obras também pareciam perder a razão de ser. Esses momentos de crise foram se tornando cada vez mais frequentes, à medida que o celebre escritor russo envelhecia. A angústia que tomava conta de Tolstói não é algo exclusivo dos grandes escritores e dos filósofos do passado. Todos nós , alguns mais, outros menos, por vezes paramos para pensar na morte e em suas consequências para nossa existência . Cada um de nós tem diante de si infinitas possibilidades. Com a passagem do tempo, algumas dessas possibilidades se realizam ; outras , não. É possível estudar, fazer amigos, construir uma carreira profissional , ter filhos , juntar dinheiro , etc. Mas o que será disso tudo depois da morte ? O dinheiro e os demais bens materiais se dissiparão entre os herdeiros. A atividade profissional será desempenhada por outra pessoa. A família e os amigos ficarão arrasados; porém, após um período de luto, retomarão a rotina. Desse modo, a vida da pessoa que morreu não passará de uma lembrança a ser evocada de tempos em tempos. No entanto, mesmo essa lembrança tende a desaparecer , pois os familiares e os amigos um dia também morrerão. Diante de pensamentos dessa natureza, é inevitável que perguntemos :Qual é , afinal, o sentido da vida? A pergunta sobre qual é o sentido da vida aparece , sob as mais variadas formas, em toda a história da Filosofia . Porém , não há uma resposta para ela que seja aceita por todos sem contestação . Mesmo assim , os filósofos desenvolveram reflexões profundas a esse respeito e esboçaram suas respostas , em geral muito diferentes umas das outras e frequentemente conflitantes entre si. 

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