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✮ Religiões E Filosofia Na China ► [Reyesvalenciennes Nª 115]

Reyesvalenciennes


[Texto do dia]→  consequências na vida do país - como é o caso dos chineses e dos indianos- sem estudar suas religiões. Já vimos como o islamismo desempenha um papel político importante no Irã e como na Índia o hinduísmo está intimamente ligado ao sistema de castas. Na China, as correntes de pensamento , que na realidade representam uma mistura de religiões e filosofias são importantes para entender a mentalidade do chinês e as reviravoltas em sua vida política. Três são as religiões que predominam hoje na China : confucionismo, hinduísmo e taoismo. Elas não são apenas religiões , mas também modos de encarar a vida e a natureza. Existem nesse país minorias (no máximo 8% da população total) que praticam o islamismo e o catolicismo. A imensa maioria dos chineses pratica aquelas três religiões ao mesmo tempo. Para o chinês , as coisas não se excluem mutuamente , mas se complementam. Aliás, essa é a principal característica da mentalidade chinesa, fruto dos ensinamentos das três correntes de pensamento predominantes no país. Para um muçulmano e até mesmo para um cristão (embora talvez um pouco menos), ou se é bem ou mau, certo ou errado, ou masculino ou feminino, ou bonito ou feio, ou doente ou são, ou claro ou escuro, ou afetivo ou passivo , ou uno ou múltiplo. No pensamento chinês , ao contrário , o que importa é a busca do equilíbrio . A natureza , as coisas e as próprias pessoas são tudo isso ao mesmo tempo, devendo conviver com  opostos e buscar a harmonia dos contrários , e não a eliminação de um lado , como no pensamento ocidental. Existe até um diagrama chinês que procura simbolizar esse ensinamento básico da seguinte forma: Esse diagrama representa a harmonia dos opostos : o Yang, que é do lado claro e que representa o intelecto masculino, racional, expansivo; e o Yin, que é o lado obscuro e simboliza o intelecto feminino, intuitivo , complexo , contemplativo . Ele procura dar uma ideia da convivência dos opostos numa mesma realidade , numa mesma pessoa. As noções de feminino e masculino não possuem no pensamento chinês uma conotação sexual, mas uma conotação simbólica , ligada ao intelecto. Essa forma de pensar é levada inclusive para a medicina, que a China possui técnicas e formas de encarar a doença e o organismo humano diferentes da medicina ocidental. Essa característica do pensamento chinês de aceitar a convivência dos opostos, como Yang e Yin - de ser e não ser ao mesmo tempo, podendo haver momentos de crise , de rompimento do equilíbrio desses contrários -, faz com que os chineses aceitem e participem de frequentes mudanças, aparentemente radicais. O pensamento chinês defende a natureza cíclica da realidade , ou seja, as épocas de predominância do Yang e aquelas em que Yin predomina, com a busca do equilíbrio nesse meio-termo. Assim, o chinês comum é extremamente curioso, aberto a novas ideias e experiências . Para ele não existe algo radicalmente mau nem bom; tudo tem o seu lugar no momento certo, na dose certa. Isso explica por que, na história recente da China, o chinês só aceita acontecimentos aparentemente tão diferentes, como participa deles: a implantação do socialismo , o rompimento com a União Soviética depois de seguir sua orientação econômica , a Revolução Cultural e o isolamento do país , e a nova política de abertura para o capitalismo. É provável que novas mudanças ocorram nesse país nas próximas décadas, as quais à primeira vista poderão parecer incompreensíveis para o pensamento ocidental.

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