[Texto do dia]→ Durante cerca de sete décadas, desde 1917 até por volta de 1991-1992, existiu - e ainda existe, parcialmente - um outro sistema social diferente do capitalismo. Trata-se do socialismo, que procurou construir uma economia oposta à do capitalismo. O socialismo, desde o final dos anos 80 encontra-se em crise, tinha por base a economia planificada. A economia planificada procurava eliminar o mercado , a lei da oferta e da procura, as empresas privadas ou particulares. Praticamente todos os meios de produção (bancos, fazendas, indústrias, lojas, etc .) eram estatizados , pertencentes ao Estado. Em vez de o mercado ser a referência para as empresas aplicarem mais ou menos capitais , na economia planificada existiam os planos, geralmente válidos para um período de cinco anos (planos quinquenais) e que determinavam toda a vida econômica do país: onde investir, quanto pagar à mão de obra, onde buscar matérias-primas, a que preços vender o produto , etc. A economia planificada , dessa forma, é bastante centralizada, com o Estado (e os órgãos de planificação) controlando ou tentando controlar toda a vida econômica da sociedade. O socialismo surgiu como uma alternativa ao capitalismo, uma tentativa - pelos menos na teoria - de construir uma sociedade mais justa e igualitária . Não existiriam mais patrões (burgueses) e proletários e com isso teoricamente não mais existiriam classes sociais. Só que a prática do socialismo acabou se revelando bem diferente dessa teoria igualitária. Não existiam mais patrões mas surgiu uma nova classe dominante : a burocracia ou elite burocrática , que controlava o Estado e era constituída normalmente pela cúpula do partido único e oficial que dominava a vida política. Esses países socialistas chegaram a abranger cerca de um terço da humanidade e em geral se afastaram da divisão internacional do trabalho criada pelo capitalismo. Eram países quase autossuficientes , isto é, que procuravam produzir dentro de seus territórios tudo que necessitavam , pouco recorrendo ao comércio internacional. Eles procuraram ainda resolver uma série de problemas típicos do capitalismo, tendo em parte conseguido alguns avanços:
• A distribuição da renda pela população tornou-se menos concentrada , sem uma desigualdade tão gritante como a que existe na maioria dos países subdesenvolvidos. Só que continuou havendo desigualdades sociais nesses países de economias planificada , muitas vezes até maiores nos países capitalistas desenvolvidos.
• A dependência em relação ao exterior, aos países ricos, foi abolida , na medida em que foram nacionalizadas às empresas estrangeiras , a saída de capitais para fora diminuiu consideravelmente e o comércio externo tinha uma importância muito pequena.
• A pobreza absoluta quase desapareceu.
No entanto, outros problemas surgiram ou se agravaram nesses países socialistas , o que acabou levando a uma grave crise no final dos anos 80. Entre esses problemas pode-se destacar ; a crescente distância entre os dirigentes ( a elite burocracia) e as pessoas em geral; a falta de motivação dos trabalhadores , pois todos ganhavam mais ou menos igual (trabalhando ou fazendo "corpo mole" , realizando uma atividade especializada ou somente fazendo trabalhos manuais que não exigiam especialização, etc .) , sem grandes chances de subir na vida; e as irracionalidades da planificação centralizada , que decidia tudo de cima para baixo e não levava em conta fatores locais ou circunstanciais. Na realidade , uma economia demasiadamente centralizada não pode funcionar numa sociedade complexa, pois sempre há necessidade de decisões locais e de levar em conta fatores inesperados, que modificam o que foi planejado, e a centralização não incentiva a criatividade das pessoas. Durante as últimas décadas o mundo ficou dividido em dois blocos ou conjuntos de países com sistemas sociais bem diferentes:
• o capitalismo, onde existem os países centrais ou desenvolvidos (o chamado Primeiro Mundo) e os países periféricos ou subdesenvolvidos (o chamado Terceiro Mundo);
• e o bloco socialista ou conjunto de países com economias planificadas, também conhecido como Segundo Mundo.
Com a crise do socialismo, o Segundo Mundo praticamente deixou de existir. Grande parte dos países desse grupo hoje são novamente capitalistas - casos da ex-Alemanha Oriental, da Hungria, da Polônia, da República Tcheca e outros - e os demais encontravam-se em transição da economia planificada para a economia de mercado. As economias de transição procuram privatizar empresas estatais , atrair investimentos estrangeiros , aumentar o comércio externo, etc.