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☆ A Democratização da África do Sul ► [Reyesvalenciennes Nª 111]

Reyesvalenciennes 2019

[Texto do dia]→  Em fevereiro de 1990, o governo da África do Sul tomou diversas medidas com o objetivo de abrandar o regime do "apartheid" , promovendo ao mesmo tempo reformas no campo político. A principal medida foi libertar o líder negro Nelson Mandela, que estava na prisão há 28 anos. Também foram legalizados os partidos e movimentos de oposição , entre eles o Congresso Nacional Africano. Praticamente todos os presos políticos   ganharam liberdade. Por outro lado, numerosas restrições que afetavam a vida dos negros foram eliminadas, como : proibição de frequentar piscinas e praias reservadas só a brancos; proibição de usar ônibus só de brancos; etc. Também foi abolida a lei de censura. Apesar dessas medidas , os líderes negros continuaram reivindicando a eliminação total do apartheid , para que brancos e negros pudessem gozar de igualdade absoluta. Em 1992, o governo realizou um plebiscito (consulta à população) sobre o final do apartheid , que foi aprovado pela imensa maioria da população branca. A partir de abril de 1994, com realização das primeiras eleições livres e multirraciais na África do Sul para os cargos legislativos e para a presidência da República, desapareceu oficialmente o apartheid . Uma nova constituição consolidou essa conquista política de importância fundamental para o futuro do país. Nelson Mandela, o primeiro presidente negro da história do país, foi tentando trabalhar na realização de um projeto de união nacional, com a participação de negros e brancos e seus partidos políticos. Além das dificuldades econômicas, que podiam ser resumidas na necessidade urgente e imperiosa de criar condições para permitir , o mais breve possível , a melhoria das condições de vida da maioria negra, e das inevitáveis dificuldades de um governo de transição e partilhado por negros e brancos, o governo deveria reduzir a militarização do país , por sinal um dos mais bem armados do continente , naquela época. O apartheid , que se manteve até 1994, e alguns conflitos com Angola, Moçambique ou Zâmbia serviram de pretexto até o final da década de 1980. Chegou-se mesmo dizer que a África do Sul estaria, naquela época, desenvolvendo tecnologia para a fabricação de bombas atômicas. Entretanto, na atual situação, não se justifica mais o aumento de despesas com armamento ou ampliação de seu efetivo militar-policial. A redução de despesas nesses setores poderia liberar importantes recursos financeiros para construção de moradias, escolas, hospitais para a população, contribuindo, assim, para reduzir consideravelmente a violência que ocorre nas townships, que gradativamente  desapareceram na nova África do Sul. Na realidade, a África do Sul nestes anos 90 representa uma espécie de laboratório para grande parte do continente , de experiência que, se for bem-sucedida, poderá se propagar para dezenas de outros países. O novo governo da África do Sul teve a dura tarefa de evitar uma guerra civil (entre brancos e negros, entre grupos étnicos negros diferentes e entre estes e os indianos) e construir uma democracia multirracial no país, algo que nunca existiu em toda a África. Inclusive o final do domínio político (mas não econômico) da minoria branca acirrou as rivalidades entre as várias tribos ou etnias negras, em especial os zulos e os xosas. O ex-presidente Mandela , de origem xosa, foi visto com desconfiança pelas lideranças zulus e um conflito generalizado entre esses grupos negros poderia esfacelar o país. Mas a experiência parece que pode dar certo, pois xosas e zulus (além de brancos) participam juntos do novo governo pós-94, o que poderia gerar um equilíbrio e uma convivência pacífica com vistas ao bem comum. Esse  foi grande desafio da África do Sul após o apartheid. 

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