☆ Década de 90 | Industrialização e Nível de Vida dos "Tigres Asiáticos" ► [Reyesvalenciennes Nª 109]
[Texto do dia]→ Com base na exploração de sua força de trabalho com altos índices de alfabetização , os "três tigres" do Extremo Oriente alcançaram um rápido crescimento industrial, voltado basicamente para abastecer as nações mais desenvolvidas do mundo. A média de trabalho semanal nesses países eram de 48 horas , no mínimo , a 53 horas. Só se descansava aos domingos. As férias, tiradas uma vez por ano, duraram apenas quatorze dias. O número de feriados era extremamente pequeno. Como você pode ver, a jornada de trabalho é intensa , muito maior que nos países capitalistas desenvolvidos. Além disso, a população desses países foi submetida até há pouco tempo a um regime político autoritário , em que não havia eleições democráticas e onde imperavam sérias restrições e o não direito de greve. Contudo, a qualidade de vida da população nesses países - inclusive da classe trabalhadora - é em geral melhor que nos países do Terceiro Mundo. Quase toda a população vive em casa própria e o número de televisores e outros eletrodomésticos , por família, foi bem maior que na América Latina, na África e na Ásia, com exceção do Japão. A assistência médica era gratuita e as taxas de analfabetismo foram baixas (2% em Formosa e na Coreia do Sul, e 11% em Hong Kong). A média salarial era baixa , se comparada com a dos países desenvolvidos, mas é maior a que prevalecia nos países subdesenvolvidos , inclusive no Brasil. O salário industrial médio de Hong Kong , por exemplo, era de 760 dólares por mês, sendo que em Formosa e na Coreia do Sul o salário industrial mínimo era de 300 dólares. Usando um termo de comparação , basta ver que o salário industrial médio no Brasil era de 260 dólares. E estávamos tomando como referência às grandes empresas industriais brasileiras, não só os salários pagos em geral no país, que estavam muito abaixo disso. Como já dissemos, existiam nesses países um modelo de desenvolvimento industrial baseado na exploração do trabalhador e nas exportações . Daí eles eram chamados de "plataformas de exportação". Isso porém, não vinha resultado numa violenta concentração social da renda , como ocorria em países como o Brasil e a África do Sul. Pelo contrário , os salários em geral subiram mais que a inflação nesses países, durante mais de quinze anos seguidos, e com isso o poder aquisitivo da maioria da população aumentou, expandindo assim o mercado interno desses países. Para se ter uma ideia dessa melhoria nas condições de vida nesses países, basta citar alguns indicadores : nos anos 60 a Coreia do Sul tinha uma renda per capita igual à de Gana, na África, sendo que nos anos 90 ela possui uma renda média doze vezes maior; os habitantes de Formosa ou Taiwan ingeriam, em média, 60% de calorias a mais que nos anos 50 e a expectativa de vida subiu de 55 para 74 anos. Mas os "tigres asiáticos" possuem algumas diferenças importantes . Hong Kong, por exemplo, tem um forte setor financeiro (bancos) e uma enorme importância comercial-portuária, ao passo que a Coreia do Sul e Formosa tem economias baseadas essencialmente no setor industrial. Mas enquanto em Formosa predominam as pequenas e médias empresas, especializadas em um ou dois produtos , na Coréia do Sul há um amplo predomínio das grandes empresas em forma de conglomerados , ou seja, que produzem dezenas de bens diferentes. Aliás, algumas dessas empresas coreanas são hoje importantes firmas multinacionais com enormes taxas de crescimento : Samsung, Hyundai, a extinta Daewoo e Lucky-Goldstar.