[TEXTO DO DIA]→ Uma mensagem foi escrita e iremos expor aqui. Não é Nossa ! Apenas estamos divulgando.
→ Quer falemos de uma flor ou de um carvalho , de uma minhoca ou de um belo pássaro , de uma maça ou de uma pessoa , creio que estaremos certos ao reconhecermos que a vida é um processo ativo , e não passivo. Pouco importa que o estímulo venha de dentro ou de fora , pouco importa que o ambiente seja favorável ou desfavorável. Em qualquer uma dessas condições , os comportamentos de um organismo estarão voltados para a sua manutenção , seu crescimento a sua reprodução. Essa é a própria natureza do processo a que chamamos vida. Esta tendência está em ação em todas as ocasiões. Na verdade , somente a presença ou ausência desse processo direcional total permite-nos dizer se um dado organismo está vivo ou morto. A tendência realizadora pode , evidentemente , ser frustrada ou desvirtuada , mas não pode ser destruída sem que se destrua também o organismo. Lembro-me de um episódio da minha meninice , que ilustra essa tendência . A caixa em que armazenávamos nosso suprimento de batatas para o inverno era guardada no porão , vários pés abaixo de uma pequena janela. As condições eram desfavoráveis , mas as batatas começavam a germinar - eram brotos pálidos e brancos, tão diferentes dos rebentos verdes e sadios que as baratas produziam quando plantadas na terra , durante a primavera. Mas esses brotos tristes e esguios cresceram dois ou três pés em busca da luz distante na janela. Em seu crescimento bizarro e vão , esses brotos eram uma expressão desesperada da tendência direcional de que estou falando. Nunca seriam plantas , nunca amadureceriam , nunca realizariam seu verdadeiro potencial. Mas , sob as mais adversas circunstâncias , estavam tentando ser uma planta. A vida não entregaria os pontos , mesmo que não pudesse florescer. Ao lidar com clientes cujas vidas foram terrivelmente desvirtuadas , ao trabalhar com homens e mulheres nas salas de fundo dos hospitais do Estado , sempre penso nesses brotos de batatas. As condições em que se desenvolveram essas pessoas têm sido tão desfavoráveis que suas vidas quase sempre parecem anormais , distorcidas , pouco humanas. E , no entanto , pode-se confiar que a tendência realizadora está presente nessas pessoas. A chave para entender seu comportamento é a luta em que se empenham para crescer e ser , utilizando-se dos recursos que acreditam ser os disponíveis. Para as pessoas saudáveis , os resultados podem parecer bizarros e inúteis , mas são uma tentativa desesperada da vida para existir. Esta tendência construtiva e poderosa é o alicerce da abordagem centrada na pessoa. Em resumo , os organismo estão sempre em busca de algo , sempre iniciando algo , sempre "prontos para alguma coisa". Há uma fonte central de energia no organismo humano. Essa fonte é uma função do sistema como um todo, e não de uma parte dele. A maneira mais simples de conceituá-la como uma tendência à plenitude , à autorrealização , que abrange não só a manutenção mas também o crescimento do organismo.
Carl Rogers . Um jeito de ser. São Paulo: E.P.U., 1983.