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➤Juscelino Kubitschek E Os "Anos Dourados"

Reyesvalenciennes

[TEXTO DO DIA]→  Temendo a exploração política do suicídio pelos herdeiros de Vargas , a UDN tentou adiar as eleições. O pleito , todavia , foi realizado e se elegeu presidente Juscelino Kubitscheck (1902-1976) , do PSD , ex-prefeito de Belo Horizonte . Nessa época , votava-se em separado para vice-presidente. Com isso João Goulart , do PTB , herdeiro legítimo do getulismo , também elegeu-se . Políticas udenistas , apoiados por parte das Forças Armadas e liderados por Lacerda , arquitetaram um golpe para impedir a posse dos eleitos. Uma manobra bem-sucedida , no entanto , organizada pelo Ministro do Exército , general Henrique Lott, garantiu a legalidade democrática. Durante seu governo, Juscelino enfrentou ainda algumas rebeliões militares , as quais foram contidas rapidamente .   Hábil negociador , Jk concedeu anistia a todos os revoltosos. Em geral , seu governo representou um período de estabilidade. A conciliação entre o PSD e o PTB garantia a sustentação do governo no Congresso. O discurso do presidente de promover o desenvolvimento mantendo a ordem estabelecida, bem como o atendimento às demandas de equipamentos e aumentos salariais, acalmou os militares. Com uma enorme popularidade, um estilo sofisticado e uma imagem pública  que aliava sorriso e cordialidade , JK tornou-se o símbolo da euforia modernizante que tomava conta do país num período que, mais tarde , foi chamado de "anos dourados".  O acelerado crescimento econômico , os automóveis produzidos no país e a construção da nova capital , projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa (1902-1998) , davam a sensação de se estar a poucos passos de uma nação moderna. O centro da política econômica e social e Juscelino foi o Programa de Metas , cuja palavra de  ordem era "cinquenta anos de progresso em cinco anos de governo". O objetivo era instalar os setores industriais mais avançados , que dariam um impulso modernizante ao Brasil, gerando novas demandas industriais , empregos e consumo. Essa meta exigia um capital inicial gigantesco, que foi viabilizado pelo estímulo à entrada ou ampliação de empresas multinacionais.  O nacional-desenvolvimentismo de JK procurava combinar as ações do Estado com a empresa nacional e o capital estrangeiro , a fim de promover o desenvolvimento com ênfase na industrialização. Assim, o Estado ficaria com as indústrias de base (siderurgia , hidrelétricas , exploração de Petróleo, etc.), herança da Era Vargas ; o capital nacional, com as indústrias de bens de consumo não duráveis (alimentos , têxteis, etc.); e as multinacionais , com as indústrias de bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos , etc.). A curto prazo , o Programa de Metas teve um resultado satisfatório. Entre 1957 e 1961 , o PIB brasileiro cresceu em média 7% . Houve uma modernização da estrutura industrial , com a duplicação do volume produzido. Pela primeira vez , a produção industrial ultrapassou a agrícola. Promoveu-se um salto tecnológico com o desenvolvimento dos setores de energia elétrica , petróleo , aço , construção naval , cimento , etc. O símbolo maior dessa nova era foi , sem dúvida , a indústria automobilística. Grandes montadoras passaram a produzir automóveis no país. A demanda das grandes indústrias estimulou empresas nacionais , médias e pequenas , do setor de autopeças. Aumentou a oferta de empregos e, com isso, o poder de consumo de parte da população. Construíram-se milhares de quilômetros de rodovias para ligar Brasília aos vários pontos do Brasil e fazer jus à "civilização do automóvel" que se implantava no país. As consequências negativas do inegável avanço da indústria automobilística só poderiam ser medidas a longo prazo. Por causa do baixo investimento nos transportes ferroviários , com o tempo, o Brasil se tornou extremamente dependente da conservação das rodovias e do uso dos derivados do petróleo.  Sabe-se também que o transporte rodoviário de cargas pesadas, realizado por caminhões , é muito mais oneroso para a economia do país. Apesar do grande prestígio , ao final do mandato , JK enfrentou o crescimento da oposição , que o acusava de perdulário , irresponsável e megalomaníaco , e os primeiros sinais de crise de seu modelo de desenvolvimento. O aumento dos gastos governamentais levou ao déficit público , bem como ao crescimento da dívida externa e da inflação. Tornando a empresa multinacional o centro do poder econômico , conseguiu-se uma indústria moderna , mas um país dependente , com o capital nacional subordinado ao estrangeiro. Além disso, pouca atenção foi dada aos problemas agrários. No campo , o latifúndio e a miséria da maioria dos trabalhadores perduravam. Como a maior parte das novas indústrias se instalou no Sudeste , a disparidade regional do país foi reforçada , com o aumento do êxodo rural e da emigração , especialmente na Região Nordeste.

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