[TEXTO DO DIA]→ A crise mundial de 1929 abalou profundamente o mundo capitalista .
Entre 1929 e 1932 houve uma redução
de cerca de 50% na produção
industrial dos EUA. Muitos trabalhadores perderem seus empregos ,
retraindo ainda mais o mercado de consumo. A produção agrícola também
não encontrava compradores. Muitas empresas e bancos faliram e os
investidores do mercado de capitais (compra e venda de ações) viram os
seus títulos transformarem-se em papéis como outros quaisquer, sem
nenhum valor. Num primeiro momento, a depressão econômica teve efeito
devastador também ao Brasil. O país tinha estruturado toda a sua
economia com base no mercado externo e dependia das exportações de um
único produto: o café , que no final da década de 1920, representava
cerca de 70% das exportações brasileiras. A crise econômica agravou ,
em parte , a insatisfação política e Getúlio Vargas tomou o poder
através de um golpe de Estado contra o domínio da oligarquia agrária,
que tinha comandado o país a primeira fase da República (1889-1930).
O Brasil não deixou de exportar café , mas a quantidade exportada
caiu mais de 80% , e caiu também seu preço no mercado internacional.
Como o café era ainda a principal fonte brasileira de divisas , no
início o governo Vargas manteve uma política de proteção à lavoura :
desvalorizou a moeda para que o produto chegasse com valor mais
competitivo no mercado externo, e comprou a produção excedente para
depois queimá-la , com o objetivo de diminuir a oferta e garantir
estabilidade do preço. O quadro da economia do país, de modo geral,
não estimulava o desenvolvimento industrial. Mas a crise abriu uma
brecha que uma parte dos empresários soube aproveitar. O violento
corte nas importações de bens de consumo criou uma conjuntura
favorável ao investimento na produção da indústria nacional. As
indústrias brasileiras passaram a ocupar , em boa parte , o mercado
que antes era praticamente abastecido só pelos produtos importados.
Foi a partir daí que a industrialização transformou-se num setor
importante da economia e alcançou taxas de crescimento superiores ao
setor agrário. Por essa razão, afirma-se que o primeiro momento da
industrialização brasileira baseou-se na substituição de importações.
Além disso, o Estado passou a estimular os empresários industriais
que, em 1931, já se haviam organizado em São Paulo , com a criação da
FIESP (Federação Das Indústrias do Estado de São Paulo). O governo ,
ao mesmo tempo em que facilitava a importação de máquinas e
equipamentos industriais , dificultava a entrada de produtos que
pudessem concorrer com os da indústria nacional. Logo nos primeiros
anos do governo Vargas , os resultados indicavam que o caminho
econômica trilhado estava na direção certa . A economia diversificou
tanto no setor industrial como no setor agrário. Ao lado das
indústrias têxtil, alimentícia e de confecção apareceram outros
setores , como cimento , aço, materiais de transportes e de extração
mineral. A primeira metade da década de 1940 , ainda no governo Vargas
, foi decisiva para a criação de uma infraestrutura industrial, com a
fundação da Companhia Siderúrgica Nacional , da Companhia Vale do Rio
Doce, da Companhia Nacional de Álcalis , da Fábrica Nacional de
Motores e outras. No segundo governo de Getúlio Vargas (1950-1954) foi
criada a Petrobras (1953). Todas essas empresas tinham participação
majoritária do capital estatal.