[Texto do Dia]⇾ Analisando historicamente a questão das
desigualdades sociais no
Brasil, percebe-se que, com a
chegada dos portugueses , elas se
instalaram e aqui ficaram . Inicialmente , os povos indígenas que
habitavam o continente foram vistos pelos europeus como seres
diferentes, não dotados de alma. Depois se alterou essa concepção ,
mas ainda há quem veja os indígenas preconceituosamente , como
inferiores e menos capazes. Posteriormente , houve a introdução do
trabalho escravo negro. Milhares de africanos foram retirados de sua
terra de origem para enfrentar condições terríveis e de vida no
Brasil. Até hoje seus descendentes sofrem discriminação e preconceito
pelo fato de serem negros. De meados do século XIX , quando já se
previa o fim do trabalho escravo, até o início do século XX,
incentivou-se a vinda de imigrantes europeus, sobretudo para o
trabalho na lavoura de café. Muitos vieram em busca de trabalho e de
melhores chances na vida , mas aqui encontraram condições de trabalho
semi-servis nas fazendas de café .
Em muitos casos , a família
inteira trabalhava e não chegava a receber remuneração em dinheiro -
apenas comida , casa e outros pagamentos em espécie. À medida que a
sociedade brasileira se industrializou e se urbanizou , novos
contingentes populacionais foram absorvidos pelo mercado de trabalho
nas cidades. Esse processo iniciou-se nos primeiros anos do século XX,
acelerando-se na década de 1950, quando se desenvolveu no país um
grande esforço de industrialização , trazendo junto a urbanização.
Criou-se assim um proletariado industrial , e milhares de outros
trabalhadores foram atraídos para as cidades a fim de exercer as mais
diversas atividades : empregados do comércio , bancários,
trabalhadores da construção civil , entregadores , empregados
domésticos, vendedores ambulantes , etc. Os setores médios , antes
constituídos basicamente pelos militares e funcionários públicos ,
também se diversificaram e cresceram , reunindo numerosos
profissionais liberais , pequenos e médios comerciantes. Com as
transformações que ocorreram a partir de então , houve crescimento
vertiginoso das grandes cidades e um esvaziamento progressivo da zona
rural : Como nem toda a força de trabalho foi absorvida pela indústria
e pelos setores urbanos , e por causa da modernização da agricultura ,
foi-se constituindo nas cidades uma grande massa de desempregados , de
semi-ocupados que viviam e vivem à margem do sistema produtivo
capitalista. Hoje , com os avanço
tecnológicos , essa massa de
indivíduos praticamente não encontra chance de emprego , por tratar-se
de mão de obra desqualificada. É ela que evidencia , sem sombra de
dúvida , com o processo de desenvolvimento do capitalismo no Brasil
foi criado as desigualdades , que aparecem na forma de miséria e
pobreza crescentes , sendo cada vez mais difícil a superação dessa
situação. Além da fome , defrontamos com outros indicadores das
desigualdades que permeia nosso cotidiano. As estatísticas sobre as
desigualdades sociais no Brasil estão nos jornais e nas revistas , e
demonstram que a gravidade do problema é tal que , se há alguma coisa
que caracteriza o Brasil nos últimos anos , é sua.condição como um dos
países mais desiguais do mundo. Além das desigualdades entre as
classes sociais , há outras diferenças - entre homens e mulheres e
entre negros e brancos , por exemplo.
Isso não se traduz só em fome e
miséria , mas também em condições precárias de saúde , de habitação ,
de educação , enfim , em uma situação desumana , particularmente
quando se sabe que a produção
agrícola e industrial e o setor de
comércio e serviços têm crescido de maneira expressiva em nosso país ,
demonstrando que a sociedade produz bens e serviços e riqueza , mas
eles não são distribuídos de modo que beneficiem a todos os
brasileiros.