Fotografia de uma reprodução efetivada em 2017 e extraída da galeria de Reyes Valenciennes. |
Já na primeira cerimônia de posse das terras americanas os estandartes portugueses erguiam-se diante de uma cruz de madeira no local onde foi celebrada a primeira missa, em 1500. Mais do que uma vocação cristã, a celebração demonstrava a articulação entre o poder monárquico e o poder eclesiástico. Estado e Igreja estiveram interligados na conquista colonial numa atuação semelhante àquela desenvolvida à época da Reconquista. Cortés, o conquistador espanhol, quando assistiu a um culto dos índios, mandou destruir as estátuas e instalar no altar uma imagem de Nossa Senhora. Os índios, indignados, acreditavam que seus deuses se vingariam dos invasores. Como tal não aconteceu, os índios se resignaram. O confronto religioso levaria muitos Indígenas a serem queimados na fogueira, acusados de idolatria. Desde o final da Idade Média os monarcas ibéricos tinham autorização da Santa Sé para fomentar o culto cristão nas terras da Península reconquistadas aos muçulmanos e em suas possessões africanas. A partir do início da conquista da América , eles conseguiram estender seu papel de patronos da evangelização para o Novo Mundo, com as atribuições de erguer aqui catedrais, mosteiros e igrejas, bem como de indicar nomes para o preenchimento das funções eclesiásticas, desde os arcebispos e bispos até os párocos de vilas e povoados. Essa aliança entre a Cruz e a Coroa na Península Ibérica foi concretizada pela instituição do Padroado Real, pelo qual os monarcas ibéricos foram autorizados pela Santa Fé a administrar os assuntos religiosos nas terras de além-mar. Oficialmente o Padroado foi estabelecido na Espanha em 1514 e em Portugal em 1551. Por esse acordo , mesmo as decisões do papá só teriam validade nesses territórios após a aprovação pela coroa envolvida . Os Clérigos mais irrequietos , que se insubordinassem ao controle monárquico , odeiam ser afastados pelos reis. Os conflitos entre os eclesiásticos, e destes com os poderes civis , eram também arbitrados pelas coroas. O padroado implicava não só o governo religioso, mas também o direito de cobrança e administração dos impostos eclesiásticos, importantíssima fonte de receita nos tempos coloniais . Na prática , os membros do clero colonial eram verdadeiros funcionários burocráticos do império. A discussão religiosa ocupava corações e mentes de uma Europa marcada por uma forte herança do cristianismo medieval. Se na Península Ibérica as relações entre Estado E Igreja Levaram à União de propósitos , no norte da Europa levaria à divisão da cristandade.