Reyes Valenciennes (2017) |
[Texto do Dia]→ O programa nuclear brasileiro teve início em 1969, quando o Brasil adquiriu da empresa W. Westinghou , dos Estados Unidos , a usina de Angra I , com capacidade de produção de 626 MW (5% da capacidade de Itaipu) , sem que essa aquisição fosse acompanhada de transferência de tecnologia. A usina foi instalada na praia de Itaorna ("pedra podre" , em tupi-guarani), em Angra dos Reis , sobre uma falha geológica , ou seja, uma área potencialmente sujeita a movimentos tectônicos ( o que o topônimo criado pelos índios já alertava). Foi apelidada de "vaga-lume", tal incidência de problemas técnicos que desde sua inauguração obrigaram a sucessivos desligamentos. Sua construção se iniciou em 1972, mas o fornecimento de eletricidade só teve início 13 anos depois, em 1985. Meses mais tarde, entretanto, foi interditada e só voltou a funcionar em 1987, sempre de forma intermitente. Somente a partir de 1995 seu funcionamento tornou-se regular. Em 1975 , o Brasil assinou um acordo nuclear com a Alemanha por intermédio da empresa Siemens . Inicialmente previa-se a construção de oito usinas , com transferência de tecnologia. Após consumir bilhões de dólares em compra e armazenagem de equipamentos, transferência de tecnologia, salários e outras despesas fixas, uma dessas usinas, Angra II, que deveria começar a funcionar em 1983, só ficou pronta em 2001, com capacidade de produção de 1350 MW. A construção de Angra III, que também terá 1350 MW de potência , foi paralisada durante muitos anos , mas em 2008 o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (IBAMA) expediu licença prévia autorizando a retomada das obras , cuja conclusão estava prevista para 2014. Em 2008, a participação das usinas Angra I e II na produção nacional de energia elétrica representava 2% do total , mas o estado do Rio de Janeiro é altamente dependente do fornecimento dessas usinas. Com a crise de abastecimento de energia enfrentada em 2000, a redução do custo de produção de energia em suínas termonucleares e os compromissos assumidos pelo país no Acordo de Quioto , o governo brasileiro incluiu a expansão do parque nuclear no Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (2006/2015).