Reyes Valenciennes numa fotografia do dia 19 de novembro de 2017 (Dia de Domingo). |
[Texto do Dia]→ A era de Dutra havia presenciado os começos de um vigoroso debate sobre a estratégia do desenvolvimento. Surgiram três fórmulas principais : a neoliberal, a desenvolvimentista-nacionalista e a nacionalista radical. Nenhuma dessas posições representava uma estratégia detalhada. Ao invés , casa uma delas era uma combinação de diagnósticos e de recomendações de medidas gerais. A fórmula neoliberal baseava-se na suposição de que o mecanismo de preços deveria ser respeitado como a determinante principal da economia. As medidas fiscais e monetárias, bem como a política de comércio exterior, deveriam seguir os princípios ortodoxos estabelecidos pelos teóricos e praticantes da política de banco central dos países industrializados. Os orçamentos governamentais deveriam ser equilibrados e as emissões severamente controladas. O capital estrangeiro deveria ser bem recebido e estimulado como ajuda indispensável para um país falto de capitas. As limitações impostas pelo governo ao movimento internacional do capital , do dinheiro e dos bens , deveriam ser reduzidas ao mínimo. A segunda fórmula era a desenvolvimentista-nacionalista. A nova estratégia deveria visar uma economia mista , na qual o setor privado recebia novos incentivos , na proporção de um determinado número de prioridades de investimento. Ao mesmo tempo , o Estado interviria mais diretamente, através das empresas estatais e das empresas de economia mista, no sentido de romper o investimento em áreas nas quais faltasse, ao ser privado, quer a vontade , quer os recursos para se aventurar. Os defensores dessa fórmula reconheciam que o capital estrangeiro poderia desempenhar um papel importante , mas insistiam em que só fosse aceito , quando objeto de cuidadosa regulamentação pelas autoridades brasileiras. A fórmula desenvolvimentista-nacionalista foi apresentada por um grupo pequeno mas variado. O seu denominador comum era um forte nacionalismo. Muitos oficiais do Exército , por exemplo, achavam que o Brasil só se poderia tornar uma grande potência , caso desenvolvesse a indústria. Além disso, a segurança nacional do Brasil exigia que a exploração de recursos naturais , tais como combustíveis , força hidrelétrica e recursos minerais , se mantivesse a salvo de mãos estrangeiras. A terceira fórmula era a do nacionalismo radical. Merece menos atenção que as outras duas, como fórmula econômica, porque foi apresentada mais dentro de um espírito de polêmica política, do que como estratégia cuidadosamente pensada para o desenvolvimento. Na realidade , a posição do nacionalismo radical baseava-se na suposição de que a estrutura social e econômica vigente era " de exploração" e exigia mudança radical. Os nacionalistas radicais atribuíam o subdesenvolvimento brasileiro a uma aliança natural de investidores particulares e governos capitalistas, dentro do mundo industrializado. Essa conspiração procurava limitar o Brasil eternamente a um papel subordinado, como exportador de produtos primários , cujos preços eram mantidos em níveis mínimos , e importador de bens manufaturados, cujos preços eram mantidos em níveis exorbitantes , por organizações monopolistas.
Fonte: SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Getúlio Vargas a Castelo Branco (1930-1964). 7. Ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra , 1982. p. 117-120.