Reyes Valenciennes numa imagem de 2015. |
A elite colonial vivia uma situação mais complexa. Não havia nela unidade de interesses, a não ser em torno de duas questões fundamentais: manter o Brasil como Reino Unido, garantido a manutenção dos privilégio que recebia desde 1808, e afastar o risco de radicalizações populares que pudessem levar à perda de seu poder socioeconômico. Liberdade de comércio com outros países, principalmente com a Inglaterra, era a palavra de ordem dos cerca de 70 representantes brasileiros escolhidos para participar das Cortes de Lisboa. O medo de levantes de negros e mulatos, que transformassem o Brasil num novo Haiti, o era o único sentimento de unidade coletiva. Não havia entusiasmo nacional, até porque ainda não havia uma nação brasileira. Na verdade, cada deputado representava sua província ou região, como afirmava com clareza o representante paulista Antônio Feijó: "Não somos deputados do Brasil porque cada província se governa hoje independentemente". As divergências eram muitas . A elite do Centro-Sul , que se articulara em torno da Corte de D. João VI, defendia a criação de uma monarquia dual, com o revezamento da sede do Império entre Lisboa e Rio de Janeiro, como foi sustentado pelo paulista José Bonifácio de Andrada e Silva. Para os baianos , a sede deveria ser Salvador , antiga capital do Estado do Brasil. Para as províncias do Norte, Maranhão e Grão-Pará, era preferível o controle de Lisboa à subordinação ao Rio de Janeiro.